Segunda-feira, 11 de Junho de 2007

BOLETIM INFORMATIVO 109/2007, de 10 de Junho de 2007 (15h00)

A Peregrinação das Crianças 2007 foi uma festa

Deus espera a colaboração das crianças para um mundo melhor

 

A Peregrinação das Crianças congregou esta manhã no Santuário de Fátima vinte e cinco mil meninos e meninas vindos de todo o Portugal. Pela primeira vez, um grupo estrangeiro de crianças, neste caso da Áustria, participou nesta peregrinação que contou com um total de 130 mil participantes (crianças e adultos).

Presidiu a este encontro de alegria, oração e festa, que teve este ano uma das maiores participações de sempre, o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto. Concelebraram o Bispo Emérito da Diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, e vários sacerdotes, incluindo o Reitor do Santuário de Fátima.

Ainda que no início das celebrações a chuva obrigasse as crianças a resguardarem-se nas Colunatas, no momento da celebração da Eucaristia a chuva parou e as crianças puderam ocupar o lugar que lhes estava especialmente reservado, a escadaria do Recinto.

Muitos outros meninos e meninas, alguns ainda bebés, estiveram junto dos seus familiares na grande massa humana que quase encheu o Recinto de Oração.

No momento final foi oferecida a todas as crianças a tradicional “surpresa”, que este ano foi o livro “A Visita da Senhora do Rosário”, editado propositadamente para esta iniciativa.

Esta peregrinação marca a diferença relativamente às outras realizadas no Santuário, uma vez que todos os aspectos são preparados e vividos a pensar nas crianças. Também a homilia foi totalmente dedicada aos mais novos. Nela, D. António Marto recordou as aparições em 1917 e, com o exemplo de vida dos Pastorinhos videntes, convidou as crianças a serem colaboradoras de Deus.

“Notai bem que as crianças são muito importantes para Deus. (…) Quero que graveis na memória e no coração: Vós sois muito importantes. Deus conta convosco e espera muito de vós. Quer que sejais colaboradores dele para tornar o mundo melhor: mais belo, mais fraterno, mais justo, mais santo e, por isso, cheio de paz, onde não haja divisões entre os homens e os povos. Vós sois a ternura do mundo”, afirmou o bispo interagindo com as crianças, que espontaneamente batiam as palmas.

D. António explicou às crianças que o “SIM a Deus e aos Irmãos” representa o “SIM ao amor” e que esse “Sim” deve significar, na actuação dos mais novos, ”o respeito pelos outros, na família e na escola”, e implica “ajudar todos os que precisam de nós, em qualquer circunstância ao longo da vida” e “ser capaz de partilhar com os outros as nossas alegrias e as nossas tristezas, (…) repartir com os outros, em especial com os que têm menos”.

O amor é o mais belo presente de Deus, que poderemos oferecer aos outros todos os dias da nossa vida”, conclui o prelado.

Foi neste espírito que, no momento da oração dos fiéis, pela voz de algumas crianças, todos rezaram por todas as famílias e povos do mundo, pelos casais que não se entendem para que descubram a paz, pelo fim da guerra e pelo amor nos corações, pelos doentes e abandonados e pelas crianças que gostariam de poder participar na Peregrinação a Fátima e que o tinham podido fazer.

            Na Peregrinação deste ano as crianças trouxeram elas próprias presentes para Nossa Senhora, colocados no momento da apresentação dos dons junto de uma grande cruz, defronte do altar da peregrinação. Assim, de todo o país, foram entregues no Santuário dezenas de Rosários, de todas as cores e de variadíssimos materiais. Sementes, pão, lã, tecido, massa alimentícia, búzios, conchas, madeira, cartão, papel, pedra, cera e bolas de pingue-pongue foram alguns dos materiais criativamente usados pelas crianças para a elaboração dos Rosários.

            Mas não foram só Rosários que foram oferecidos a Nossa Senhora. Em resposta ao apelo do Santuário, as crianças entregaram radiografias velhas e tinteiros já usados, que serão objecto de solidariedade para com crianças necessitadas.

 

Peregrinação teve hino inédito

 

Para a Peregrinação das Crianças deste ano, no 90º Aniversário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, foi criado um hino a partir das palavras proferidas pela Virgem: “Sou do Céu…a Senhora do Rosário”, tema geral da peregrinação.

A letra inédita do hino “Sou do Céu” recorda as aparições de Nossa Senhora do Rosário aos três Pastorinhos. Foi escrita pela Irmã Maria Isolinda, responsável pela secção “Fátima dos Pequeninos” no jornal oficial do Santuário de Fátima “Voz da Fátima” e membro da Comissão da Peregrinação das Crianças.

A música é da autoria de Cristiana Francisco.

Ainda em termos musicais, o coro infantil do Santuário de Fátima “Schola Cantorum Os Pastorinhos de Fátima” voltou a ser o grande animador musical da celebração eucarística.

 

“A Visita da Senhora do Rosário”

 

“A Visita da Senhora do Rosário” foi o livrinho oferecido a todas as crianças que estiveram em Fátima a participar na Peregrinação Nacional das Crianças.

A prenda-surpresa que o Santuário ofereceu publica os desenhos e os textos vencedores do concurso nacional dirigido a todos os alunos do 1.º ciclo e que contou com a participação de cerca de 2500 crianças, de estabelecimentos de ensino de todo o país.

Na abertura do livro, D. António Marto escreveu: “Hoje sois vós, meninos e meninas, e todos nós, afinal, que devemos dar a conhecer os recados que Nossa Senhora deixou em Fátima, recados de Deus, nosso pai e tão nosso amigo! Se fizermos o que Ele manda, seremos amigos d’Ele e amigos uns dos outros”.

Para além do livro, distribuído no final das cerimónias da peregrinação, as crianças receberam, logo à chegada ao Santuário, uma pulseira em tecido, distribuída em várias cores com as palavras “90 Anos das Aparições de Fátima”.

 

Desenhos das crianças colocados no Santuário

 

Mais de uma dezena de painéis com alguns dos melhores desenhos do Concurso Nacional foram colocados como cartazes nas alamedas laterais do Recinto do Santuário.

Na obra “A Visita da Senhora do Rosário”, a presidente do Júri do Concurso, Emília Nadal, escreve sobre a generalidade dos trabalhos recebidos: “A expressão das crianças é simples e alheia a artifícios, reduzindo-se ao essencial; isso não excluiu, antes supõe, a afectividade que envolve a percepção das realidades que representam e evocam nos seus desenhos, nas expressões dos diferentes grupos etários. Nessa perspectiva, o júri do Concurso distinguiu alguns trabalhos que, sendo fiéis ao tema das Aparições de Nossa Senhora, o interpretaram com particular espontaneidade, beleza e criatividade”.

                                              

 

LeopolDina Simões, Sala de Imprensa Santuário de Fátima

 

publicado por cristocontacontigo às 23:29
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FAMILIA (Tema Ano Pastoral Diocese Vila Real)Não é da minha autoria, mas não conheço o autor

Família, lugar do perdão e da festa

A família é um lugar extraordinário de descoberta da diferença. Esta descoberta se faz pouco a pouco. No começo da relação do casal, na lua-de-mel: "Tu és a mulher mais bonita do mundo!", "Não! Tu és o mais bonito dos homens!".
Estamos em pleno idealismo. Há nisso algo de muito belo! Depois, rapidamente, nós descobrimos que o outro não é somente qualidade e beleza. Há nele – e em nós – luz! Mas há também trevas, angústia, medo. Progressivamente, a partir da lua-de-mel, começa a tarefa de aceitar o outro como ele é, de descobrir sua beleza profunda, sem se deter no superficial.
Uma beleza frágil

Que descobrimos? Que o ser humano é, ao mesmo tempo, de uma maravilhosa beleza e de uma imensa fragilidade! Que temos necessidade uns dos outros, que o outro nos revela nossas próprias feridas, nossos próprios bloqueios... São, por exemplo, as discussões sem fim para saber se se compra queijo prato ou mussarela. Ou, no carro, se vamos por esta ou por aquela rua... Eis que por qualquer dá cá esta palha estamos no ponto de puxar um revólver! Significa que somos bem frágeis! Porque, no fundo, dobrar à direita ou à esquerda não tem verdadeiramente importância! Mas há em nós uma necessidade de provar que temos razão e que o outro está errado, uma necessidade de ser superior, um medo de ser agredido.
Jesus destaca essa fragilidade do homem quando diz: Por que olhas o cisco no olho de teu irmão e não enxergas a trave que há no teu? Como podes dizer ao teu irmão: "deixa-me tirar o cisco do teu olho", se tens uma trave no teu? (cf. Mt 7,3-5). É tão fácil ver os defeitos dos outros! Mas admitir nossos defeitos, nossos próprios erros, é muito difícil! Nós temos sempre uma trave em nosso olho que nos impede de enxergá-los. A vida em família nos permite descobrir esta realidade através das discussões, problemas ou conflitos. É preciso estar engajado numa relação para chegar a esta revelação e a este reconhecimento de nossa fraqueza. É uma passagem obrigatória para nossa libertação. Se nos recusamos a admitir tudo que é, em nós, ferida, erro, pobreza, pecado, infidelidade, jamais poderemos crescer.

A cura


Se uma família desempenhou seu papel de revelador, ela pode também ser o lugar da cura através de uma experiência absolutamente simples e bela: o perdão.
O perdão consiste em aceitar que o outro é outro, com suas feridas e fragilidades, e que ele tem o direito de viver assim como ele é. É também a aceitação de que nós podemos mudar, ser transformados. O perdão é algo extraordinário! É o dom fundamental de Jesus para cada um de nós. É a base de toda relação humana. Não há verdadeiras relações e, portanto, não há verdadeira vida familiar enquanto não se chegou ao ponto do perdão.

Para aprender a perdoar é preciso quebrar nosso egoísmo, é preciso derrubar este muro que construímos em volta de nós mesmos para obrigar os outros a estar a nosso serviço. Isso acontecerá por um dom de Deus. Mas também passará por certos conflitos. É a razão pela qual não é preciso ter muito medo dos conflitos em família ou na comunidade. Na verdade, esses conflitos nos revelam mutuamente nossas feridas e ao mesmo tempo podem nos ajudar a procurar mais aquilo que nos une. Não somos absolutamente ridículos ao discutir por um queijo? Não há coisas mais importantes que nos unem? É preciso viver sempre em um mundo de competição? É preciso ter sempre razão? Se nós nos colocamos estas questões por ocasião dos conflitos que encontramos, não iremos descobrir, pouco a pouco, quem somos verdadeiramente e nos acolher tal qual nós somos? Não é fácil amar a si mesmo. Nós nos condenamos ou nos colocamos sobre um pedestal, nos acreditamos ser da elite ou nos mergulhamos nos abismos, na depressão... Entre estes extremos, descobrir e aceitar quem e o que nós somos na realidade é um longo aprendizado. A família pode ser o lugar privilegiado desse aprendizado porque pode ser o lugar onde eu sou amado como sou, onde minhas fraquezas são perdoadas, onde a compaixão e o perdão do outro me ajudam a carregar minhas fragilidades.

O sentido da festa

Para que o perdão esteja no coração da vida familiar, é preciso que ali haja comunicação, escuta, diálogo. Isto pede uma decisão, uma escolha pessoal e livre para passar ao largo de meus egoísmos, de me colocar à escuta do outro, para crescer em fidelidade. E nem sempre é fácil. Descobri inúmeras famílias onde o diálogo se rompeu, onde não se sabe muito bem do que falar, onde mal se fala de si mesmo, de suas emoções, do que se vive. Há como uma espécie de medo de se colocar à disposição. Estou também chocado por verificar como é difícil para alguns casais cristãos orar juntos.
O perdão, o diálogo, a escuta necessitam de tempos de celebração. Parece-me que um dos grandes problemas das famílias hoje é que elas não sabem mais celebrar, regozijar juntos. Segue-se, mais e mais, alguns péssimos hábitos americanos, como o fato de comer depressa. Mas a refeição é alugo importante. Algumas vezes, quando vou jantar em tal e tal família, eu fico surpreso porque a televisão está ligada durante a refeição. Porque eu estou lá, os anfitriões são muito gentis e baixam o som. Mas, mesmo assim, é complexo: estar ao redor de uma mesa voltados para uma pequena tela em vez de olhar uns para os outros. Mas é assim: estamos em um mundo que menospreza a comunicação e a celebração familiares.
Como reencontrar este senso de celebração e ter tempo para estar juntos? Como se rejubilar porque Deus nos uniu, como celebrar através de refeições, de música, de mímica, de dança, de histórias...? Como celebrar nossa unidade? São questões importantes para nosso mundo que passou da celebração para o espetáculo.

A maior riqueza

A família nos mostra que nossa maior riqueza está no relacionamento. Minha maior riqueza és tu porque tu és um ser humano. É teu coração, tua capacidade de comunicar, de amar, de viver, de orar, de estar juntos. É esta riqueza que nós somos convidados a celebrar em família: façamos festa ao amor, a festa do amor.
Esta celebração não é algo onde nós nos fechamos em nós mesmos com aquela certeza de que somos os melhores. Uma celebração verdadeiramente humana não pode jamais esquecer aqueles que sofrem e aqueles que estão do lado de fora, é por isso que nossas celebrações terminam sempre com uma oração pelos crucificados de hoje, aqueles que são excluídos, aqueles que não celebram mais, porque não têm família, nem comunidade.

Família - esperança para o nosso tempo

Uma família que perdoa, uma família que celebra, uma família onde se escuta mutuamente, uma família que tem tempo de estar juntos será uma família fecunda, fonte de vida para as outras famílias. Ela será sinal de que o amor é sempre possível sobre a terra, que nós não estamos condenados à competição, à guerra, ao divórcio. Esta família testemunhará uma comunhão que a ultrapassa porque encontra sua fonte no próprio Deus.

 

publicado por cristocontacontigo às 23:18
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