Sábado, 25 de Novembro de 2006

A lenda do Amor

Era uma vez, o amor... morava numa casa repleta de estrelas e enfeitada de sol. 
Luz não havia na casa do amor, afinal, a luz era o próprio amor.
Uma vez o amor pensou ter uma casa mais bonita para si. 
Então fez a terra, e na terra fez a carne, e na carne soprou a vida e na vida imprimiu uma imagem à sua semelhança.
E chamou à vida homem.
E, dentro do peito do homem, o amor construiu a sua casa,   pequenina, mas palpitante, inquieta e insatisfeita como o próprio amor.
E o amor foi morar no coração do homem. 
E coube todinha lá dentro porque o coração do homem foi feito do infinito. 
Uma vez.... o homem ficou com inveja do amor.
Queria para si a casa do amor, só para si. 
Queria a felicidade do amor, como se o amor pudesse viver só. 
Então o amor foi-se embora do coração do homem. 
O homem começou a encher o seu coração, encheu-o com todas as riquezas da Terra e ainda ficou vazio. 
E continuava com o coração vazio.  
E uma vez... resolveu repartir o seu coração com as 
criaturas da Terra. 
O amor soube...vestiu-se de carne e veio também receber o coração do homem. 
Mas o homem reconheceu o amor e pregou-o numa cruz.
E continuou a derramar suor para ganhar a comida.
O amor teve uma idéia: Vestiu-se de comida, disfarçou-se de pão e ficou quietinho... 
Quando o homem ingeriu a comida o amor voltou à sua casa,   no coração do homem.
E o coração do homem se encheu de plenitude.

 

publicado por cristocontacontigo às 00:03
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Sexta-feira, 24 de Novembro de 2006

Aborto e crise social preocupam os Bispos portugueses

 

O próximo referendo sobre o aborto e a crise social que o nosso país atravessa foram duas das principais preocupações apresentadas pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, na abertura dos trabalhos da assembleia plenária deste organismo. A reunião magna do episcopado decorre em Fátima até ao próximo dia 16 de Novembro.
“A Igreja foi e será sempre ‘profeta’ da vida oferecendo, em permanência, razões para a defender”, referiu o Arcebispo de Braga, deixando críticas aos sinais de uma “cultura de morte” na nossa sociedade, nos quais incluiu o aborto, o tráfico de seres humanos, a exploração sexual de crianças e adolescentes, a eutanásia, o racismo e a xenofobia, a violência gratuita e as desigualdades económicas, culturais, sociais e tecnológicas.
Sobre a posição da Igreja em relação ao aborto, o presidente da CEP referiu que “é com palavras claras que exprimimos a nossa posição, mesmo que nos situem no espaço dos retrógrados em confronto com outros países: somos inequivocamente pela vida desde a concepção até à morte”. Ao mesmo tempo, acrescentou, “afirmamos o nosso compromisso na resposta a situações que se revestem duma peculiar dramaticidade”.
“Reafirmamos, uma vez mais, a malícia intrínseca de todo o aborto provocado, pois constitui gravíssimo atentado à vida humana inocente e indefesa”, disse ainda.
Para este responsável, “carece de qualquer razoabilidade e sentido falar do ‘direito a abortar' por parte da mulher-mãe, invocando o direito a dispor arbitrariamente do seu próprio corpo, porque o concebido não é “apêndice” da mãe, mas antes uma realidade humana autónoma e, como tal, inviolável”.
Ao Governo fica o alerta de não lhe ser permitido "liberalizar ou descriminalizar o que, por sua natureza, é crime". "Nenhuma lei positiva pode transformar em não-mau ou em bom o que é mau em si mesmo”, indicou.
D. Jorge Ortiga admite, contudo, que o Estado poderá “desculpabilizar, total ou parcialmente, os que cometem determinada acção má, atendendo às múltiplas circunstâncias atenuantes concretas”.
"Ao Estado, porque pessoa de bem, compete elaborar uma regulamentação legislativa justa e equilibrada que não silencie, não subalternize, nem subestime os direitos dos mais débeis e indefesos", acrescentou.
Adivinhando as críticas que a posição da Igreja sobre esta matéria poderá gerar, D. Jorge Ortiga aponta que a laicidade não significa calar os responsáveis católicos, mas, pelo contrário, dar-lhes a “ possibilidade de marcar a nossa presença e expressar o nosso pensamento numa sociedade onde pululam as propostas e os confrontos doutrinais”.
“A cultura hodierna, algo perdida ou confusa, exige palavras claras, ainda que humildes porque conscientes de não sermos donos absolutos da verdade”, acrescentou.

Trabalho digno
O presidente da CEP manifestou a sua preocupação perante a precariedade do emprego, que atinge um número cada vez maior de trabalhadores e de famílias portuguesas, a qual “contraria as aspirações mais profundas das pessoas, sacrifica os seus legítimos direitos na mesa do lucro e da competitividade a qualquer preço”.
“É oportuno interrogarmo-nos até que ponto a economia, organizada à volta da competitividade a qualquer preço, com o resultado de deslocalizações de empresas, de fusões e de concentração de grupos económicos, não lança no desemprego populações e famílias inteiras sem as qualificações necessárias para rapidamente regressarem ao mercado de emprego”, apontou.
Durante os próximos dias a CEP irá discutir um documento sobre Procriação Medicamente Assistida. Da agenda desta assembleia plenária fazem ainda parte a discussão de um documento sobre “A transmissão da Fé – Família, Escola, Universidade e Formação Cristã”, bem como uma reflexão sobre o ensino da Teologia em Portugal.
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Nacional | Octávio Carmo| 13/11/2006 | 16:31 | 3809 Caracteres


Copyright© Agência Ecclesia

 

publicado por cristocontacontigo às 23:58
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Nova estratégia para o aborto-Paul Swope

(traduzido de http://www.priestsforlife.org/articles/swopeheartandsoul.htm)

O Papa João Paulo II, um homem à frente do seu tempo em muitos sentidos, foi de novo um profeta para o nosso tempo quando, no seu livro, Atravessar o limiar da esperança, exortou os pró-vida a abraçar uma “solidariedade radical com as mulheres”. Com isso não pretendia fazer um simples floreado retórico, ou aproximar-se da agenda feminista. De facto, o Santo Padre apontava para a abordagem que pode melhorar substancialmente a posição pró-vida no debate público sobre o aborto.

A grande força para mudar a opinião pública na questão do aborto está em compreender o modo de ver da nossa sociedade moderna, e das mulheres em particular, com sentido de compaixão. Podemos usar a arte de persuadir pessoas para chegar, “em solidariedade”, àqueles que partilham em boa parte a nossa posição, mas que se sentem desconfortáveis em ser considerados “pró-vida”. Aqui o desafio é que as técnicas de persuadir pessoas são muito diferentes das técnicas de um debate polémico, que são aquelas que predominaram na apresentação pública da posição pró-vida.

Que o nosso movimento se tem orientado pelos princípios da polémica, mais do que pelas da persuasão é fácil de perceber. Para começar, a polémica é natural para a arena política e legislativa, onde o objectivo é encostar as pessoas para um dos lados. Além disso, é esse o dinamismo que está na base da maioria dos meios de comunicação, onde a controvérsia e o conflito são explorados para atrair audiências. Finalmente, as marcas pró-escolha e pró-vida foram usadas para criar uma clivagem radical, o que é uma desvantagem grande para a posição pró-vida. A forma como o debate sobre o aborto é apresentado nessas áreas tende muito mais a provocar uma reacção hostil e a acentuar divergências, do que a criar uma oportunidade de ponderar um modo de ver diferente.

Os pró-vida não precisam de convencer os outros pró-vida, e a pequena minoria de abortistas radicais também não pretende ser convencida, por isso a nossa energia deve centrar-se em alcançar e convencer aqueles que estão indecisos ou no meio-termo. No entanto, a lógica normal do debate público não parece ser favorável a isso: na política o meio-termo é rejeitado; nos meios de comunicação os pró-vida são retratados como extremistas violentos e, por isso, estranhos ao meio-termo; e as marcas “pró-vida” e “pró-escolha” mostram que parece mais uma guerra de morte entre extremos. Nesses campos de batalha os pró-vida não estão a conseguir comunicar, de forma convincente, com o público que tem a capacidade de se aproximar de nós.

Pró-vida e pró-escolha: sem excluir

Um dos tópicos mais explorados neste debate é o uso dos termos “pró-escolha” e “pró-vida”. Os pró-vida, comigo incluído, rejeitam a retórica “pró-escolha” como uma falácia. Se calhar não revelamos os nossos pensamentos, mas por dentro reagimos mais ou menos assim: “ser ‘pró-escolha’ quanto ao gelado favorito, tudo bem; agora ser ‘pró-escolha’ para matar ou não uma criança inocente e minúscula? Se consideras matar um bebé uma ‘escolha’, então o que o que tu és é ‘pró-aborto’ e não ‘pró-escolha’. O termo ‘pró-escolha’ é um mero eufemismo para um acto abominável e injusto!”. Mas se nós rejeitamos o termo “pró-escolha” com base numa argumentação lógica, os meios de comunicação infundem a impressão de que essa designação significa moderação, abertura, e, em geral, direitos da mulher. Ora, enquanto o público sentir que o “pró-escolha” abrange os direitos da mulher e as liberdades básicas, e que o “pró-vida” tem a ver com actos terroristas contra abortistas e clínicas, a probabilidade de conseguir atrair pessoas para o nosso lado estará gravemente comprometida. Entendendo esta visão distorcida é possível perceber porque é que os defensores do aborto têm êxito quando retratam o movimento pró-vida como “contra as mulheres” e apresentam a legislação pró-vida como “radical e perigosa”. Os pró-vida são vistos como pessoas que querem legislar contra valores que são mais fundamentais do que a questão do aborto em si mesma.

O nosso sucesso na persuasão aumentará substancialmente se percebermos que, na mente do público, e especialmente na mente das mulheres, o “pró-escolha” não é sinónimo de defesa do aborto, e, por isso, não é o oposto de “pró-vida”. Enquanto aparecermos a atacar os temas estão associados ao conceito de “escolha”, estaremos incapacitados para convencer aqueles que estão no meio-termo, e que são a maior parte das mulheres e do público em geral.

Compreender a mulher e o aborto

Mas mais importante do que entender como é que os termos do debate foram distorcidos, é compreender o que as mulheres de hoje sentem sobre o aborto. Mais para além das leis, das políticas, dos media, e das palavras, porque é que tantas mulheres se declaram “pró-escolha”? A Caring Foundation, uma organização pró-vida feita para atingir o público através da televisão, encomendou dois estudos psicológicos que respondessem a essa questão.

A conclusão desses estudos é que as mulheres sabem que o aborto mata, mas também vêem a possibilidade de ser mãe como uma ameaça tão séria que é sentida como uma “morte de si mesma”. Muitas mulheres jovens não incorporaram a ideia de ser mãe na sua auto-imagem. O que são e o que pensam ser inclui estudos, carreira, e talvez casamento. Ser mãe é tão estranho para a ideia que têm de si mesmas que, se se atravessar subitamente no seu caminho, é como se se desse uma completa perda de si mesma, como uma morte. Quando essas mulheres ponderam abortar, vêem nisso uma morte para a criança não nascida que têm dentro de si, enquanto a maternidade é para elas a morte de si próprias (uma morte psicológica, mas, mesmo assim, uma morte sentida como real). Em última análise, a escolha do aborto é sentida como uma escolha da auto-sobrevivência. E existe também a ideia de que a criança estará melhor se for abortada, tendo em conta as difíceis circunstâncias em que teria de entrar neste mundo. Em geral, a nossa sociedade tende a concordar que o aborto não é uma coisa boa – de facto é um acto de matar – mas a maioria das pessoas não aceitam que se tente proibi-lo ou ao menos restringi-lo.

Quando os pró-vida se esforçam para proibir o aborto, as mulheres reagem emotivamente por um instinto de auto-sobrevivência. No movimento pró-vida, normalmente sintonizamos com o público que partilha do nosso prisma de valores, na convicção de que ao enfatizar o carácter humano da criança não nascida necessariamente suscitaremos uma reacção contra o aborto. Não há dúvida de que os factos sobre o desenvolvimento do feto, e mesmo as representações gráficas sobre o aborto, pode ser um instrumento para mudar certas opiniões. No entanto, não é assim tão claro que a nossa cultura se deixe guiar pelo absoluto moral “é sempre errado tirar a vida a uma criança inocente”, precisamente por causa da percepção de que também se dá a “morte” da mulher, o que altera substancialmente o enunciado moral da questão na mente do público.

Além disso, os pró-vida são talvez demasiado indiferentes quanto às verdadeiras inquietações de uma mulher solteira. Dar nascimento a uma criança, mesmo na melhor das hipóteses, envolve talvez o maior sacrifício que uma mulher alguma vez irá fazer. É uma espécie de morte para a vida que ela tinha antes do nascimento. Este sacrifício de si mesma faz sentido no contexto de um casamento estável, mas mesmo nas melhores circunstâncias, a vida não voltará a ser a mesma. Será tão estranho que mulheres novas, a quem nunca ensinaram virtudes básicas do sacrifício de si próprio; que não têm marido, casa, ou carreira; e que não têm um futuro estável de tipo nenhum, vejam a súbita maternidade como uma forma de morrer? Também interfere um instinto maternal enviesado. Estas mulheres querem que o bebé seja feliz e saudável, mas elas vêem a sua situação pessoal tão distante do que seria um ambiente adequada para criar um filho que lhes parece preferível terminar a vida do bebé quando ainda está no seu seio.

Os pró-vida subestimam o termo “pró-escolha”, mas temos de perceber que quando uma mulher vulnerável ao aborto usa o termo, usa-o não na acepção “liberdade para matar um bebé”, mas antes “liberdade para salvar a minha vida”. Nós podemos rapidamente – e justamente – qualificar a morte real de uma criança não nascida como mais grave que a morte imaginária da mulher, mas fazer isso é menosprezar o ponto crucial que determina a atitude da sociedade relativamente ao aborto, isto é, o bem estar da mulher envolvida. Se nós queremos praticar uma “solidariedade radical com as mulheres” nós não podemos perder de vista esta dinâmica.

É por isso que é tão importante o serviço dos centros para apoio à gravidez para a integridade e credibilidade do movimento pró-vida. Estes centros oferecem à mulher em crise a assistência, prática e compassiva, necessária para a ajudar a ver que a gravidez não é o fim da sua vida e que a futura vida da criança que está dentro dela não é sem esperança.

O princípio da inclusão

Se o nosso objectivo é influenciar as mulheres vulneráveis ao aborto e os indecisos ou em conflito sobre o tema do aborto, uma estratégia mais eficaz seria, mais do que cingir-se ao uma polémica entre dois extremos, ver as opiniões sobre o aborto como um leque. Este leque abrange desde a completa rejeição total do aborto qualquer que seja o fundamento, até à aceitação do aborto em todas as circunstâncias. Como a maioria dos Americanos têm sérias reservas quanto à maioria dos abortos, e por isso tendem para o nosso sector do leque, deveríamos acolher essa maioria como nossos aliados. Quando falamos para a esquerda radical, isso só serve para piorar a posição daqueles que dificilmente hão-de mudar, mais ainda dando a impressão entre os indecisos de que o movimento pró-vida é uma posição inflexível e extremista, ou simplesmente um grupo político de direita que tenta impor a sua agenda através da legislação.

Se nos retirarmos das polémicas e dos tópicos retóricos, a probabilidade de alcançar mulheres em crise e de fazer crescer a atitude pró-vida aumenta dramaticamente. Primeiro, na arte de persuasão pessoal temos a vantagem enorme de trabalhar a partir de uma aversão pelo aborto quase universal e instintiva, independentemente de que como possa ser chamado ou justificado. No entanto, na mente das mulheres e do público em geral, a ameaça para uma mulher solteira e a difícil vida futura prevista para a criança, são suficientemente importantes para impedir que estejam de acordo com a ilegalização do aborto. Se nós queremos alterar a opinião pública, devemos ser sensíveis e corresponder a essas inquietações. Dito de outra maneira, conseguir um consenso sobre a vida do feto não leva a conseguir um consenso contra o aborto, porque a decisão de abortar (ou de defender um aborto como um direito) não se centra na criança, mas no desejo de sobrevivência da mulher.

Também podemos construir uma atracção maior pelas crianças e, embora muitas vezes se veja como um ideal inatingível, pela maternidade. Para muitas mulheres de hoje o ideal da mãe feliz com o seu filho está tão arredado da sua vida real que é posto de lado mesmo como possibilidade. Porém, esta é uma imagem atraente para a maioria das mulheres, por isso é nossa missão apresentar a maternidade como corajosa, positiva, e, mais importante, alcançável. Como é óbvio, não podemos apresentar somente uma imagem, mas temos de abrir caminhos concretos para ajudar as mulheres em necessidade.

Nós não precisamos de derrotar a atitude “pró-escolha” simplesmente para conseguir ganhar seguidores para a nossa causa. Certamente, quanto menos deixarmos que o aborto seja associado à ideia de “escolha”, melhor. O aborto em si mesmo é intrinsecamente não-atraente para o público e deve ser mantido como ideia isolada sempre que possível.

Para além disso, ao implementar a persuasão pessoal não ficamos dependentes de acontecimentos legislativos, vitórias políticas, ou agendas mediáticas, para conseguir alcançar o público e influenciar a cultura. Podemos mandar uma mensagem convincente directamente para o público Americano, através da imprensa, rádio e televisão. CareNet começou com êxito campanhas de posters dirigidas a mulheres vulneráveis. Birthright e outras organizações para apoio a mulheres grávidas puseram no ar anúncios de rádio convincentes e centrados na mulher.

Desenvolver a arte da persuasão

A Caring Foundation utiliza os princípios acima descritos para dirigir-se ao povo Americano através da TV. A TV tem a vantagem de apresentar uma combinação mensagem áudio e vídeo, de cobrir quase todo o povo Americano, de permitir uma avaliação de elevada credibilidade, e um direccionamento da mensagem para grupos particulares. A arte da persuasão foi aplicada na televisão de várias maneiras. Por exemplo, a maioria dos anúncios da Caring Foundation termina com uma pergunta, não com uma afirmação dogmática. Um dos anúncios descreve uma mulher que reconhece ter sido pró-escolha, e que ainda “não sabe bem o que pensar”, mas faz esta pergunta provocadora: “Porque é que quando eu desejava o bebé, era o bebé; e quando eu não o desejava, já era outra coisa? Pensa nisso”. Este anúncio pretende desfazer as defesas que as pessoas criam contra “esses pró-vida”, ao mesmo tempo que introduz uma pergunta que ajuda a minar a retórica dos defensores do aborto. Uma regra básica de bom marketing é perceber a nossa audiência e apelar para um valor, uma ideia, ou uma emoção que já existe dentro dela, seja consciente seja subconscientemente. Um anúncio mostra uma mulher a fazer ballet, com uma voz-off que diz:

A tua intuição é uma pequena voz, redonda e clara. Diz-te em quem acreditar, quando é melhor ficar calada, o que é que sente quem é amigo. Nem sempre diz o que queres ouvir, mas quando pensas no que te disse... Quando foi a última vez que essa voz errou? Se estás preocupada com uma gravidez indesejada, não és obrigada a abortar. Há outras opções.

Este anúncio descreve o dom divino da consciência como “intuição” feminina, ideia que cada mulher sabe que tem a ver consigo, e que lhe sugere sentimentos positivos. Com esta abordagem “auto-referente” evita-se uma reacção defensiva, ao mesmo tempo que se desperta a voz da consciência de cada mulher.

Os centros de apoio à mulher grávida não têm orçamento para fazer anúncios na televisão; por isso, muitas mulheres não sabem da assistência que podem ter nesses centros. O uso de um telefone gratuito é parte essencial para dar à mulher uma assistência real. A Caring Foundation ajuda as mulheres necessitadas a contactar os centros capazes de as ajudar, através de uma mensagem que é positiva e convincente. O principal erro de cálculo das mães solteiras, e daqueles que apoiam a posição pró-escolha, é pensar que a mulher será mais feliz fazendo um aborto do que levando a gravidez a termo. Pensando nisso, a Caring Foundation criou anúncios que mostram uma mulher que já fez um aborto, e que percebeu tardiamente, que as coisas não podem voltar ao que eram antes. O anúncio acaba com a frase “o aborto muda tudo”. Isto ajuda a mulher a perceber que o aborto não é para seu bem e não é, de facto, um acto de auto-sobrevivência. Esta mensagem é eficaz porque não tenta contrariar a possibilidade do aborto, e não diz o que é que ela tem de fazer; antes mostra-lhe o remorso e a dor de uma mulher que passou pela experiência.

Tudo isto não é para concluir que não devam fazer-se tentativas de conseguir leis protectoras das crianças não nascidas, mas para sublinhar que isso não pode ser nem o único nem o principal interesse dos pró-vida. O movimento pró-vida precisa de mais diversificação e sofisticação, não menos. Não há uma abordagem única.

Do ponto de vista da persuasão, o nosso objectivo está muito mais próximo de ser alcançado do que possamos imaginar. Nós não precisamos de atacar, ou alterar, os mais básicos instintos e convicções das mulheres. Por exemplo, os estudos que a fundação pediu sugerem que a maioria das mulheres admira a mãe que enfrenta uma gravidez indesejada de forma corajosa e decide ter a criança. O obstáculo principal é que as mulheres simplesmente sentem que não têm força para isso. Em certo sentido, o problema é a distância que a mulher vê que existe entre a realidade em que se encontra e o ideal que deveria existir. Não é que essas mulheres gostem do aborto mais do que nós; elas simplesmente não conseguem ver para além da crise, e o aborto dá sensação, falsa, de ser um caminho mais fácil.

Será feita uma persuasão eficaz quando abordarmos as mulheres “numa radical solidariedade”, evitando o choque de posições, apoiando, com delicadeza, a voz da consciência, mostrando que o instinto materno e o de auto-sobrevivência não são satisfeitos pelo aborto, e tornando o ideal da maternidade mais fácil e próximo para a mulher em crise. Felizmente, tudo isto pode ser alcançado sem dependência de avanços legislativos ou políticos, e sem a colaboração dos meios de comunicação. Podemos aplicar a arte da persuasão através dos muitos canais que estão disponíveis para o público, como televisão, rádio, jornais, cartazes, e demais meios para comunicação escrita ou falada. A solidariedade radical com as mulheres aumentará muito a eficácia do nosso movimento e ajudará a realizar outro objectivo de João Paulo II, o de vencer a “cultura da morte” pela construção da “cultura da vida”. v

publicado por cristocontacontigo às 23:52
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Prof. Jérôme Lejeune, investigador na área genética: QUANDO COMEÇA O SER HUMANO

Frases do Prof. Lejeune (o pesquisador francês que identificou a origem genética da chamada Síndrome  de Down)

"Se um óvulo fecundado não é por si só um ser humano, ele não poderia tornar-se um, pois nada é acrescentado a ele."

"Penso pessoalmente que diante de um feto que corre um risco, não há outra solução senão deixá-lo correr esse risco. Porque, se se mata, transforma-se o risco de 50% em 100% e não se poderá salvar em caso nenhum. Um feto é um paciente, e a medicina é feita para curar... Toda a discussão técnica, moral ou jurídica é supérflua: é preciso simplesmente escolher entre a medicina que cura e a medicina que mata".

"A sociedade não tem que lutar contra a doença, suprimindo o doente."

"Um único critério mede a qualidade de uma civilização: o respeito que ela prodiga aos mais fracos de seus membros. Uma sociedade que esquece isso está ameaçada de destruição. A civilização consiste, muito exactamente, em fornecer aos homens o que a natureza não lhes deu. Quando uma sociedade não admite os deserdados, ela vira as costas à civilização"

"Logo que os 23 cromossomas paternos trazidos pelos espermatozóide e os 23 cromossomas maternos trazidos pelo óvulo se unem, toda a informação necessária e suficiente para a constituição genética do novo ser humano se encontra reunida".

"O facto de que a criança se desenvolve em seguida durante 9 meses no seio de sua mãe, em nada modifica a sua condição humana."

"Assim que é concebido, um homem é um homem".

"Não quero repetir o óbvio, mas na verdade, a vida começa na fecundação. Quando os 23 cromossomas masculinos se encontram com os 23 cromossomas femininos, todos os dados genéticos que definem o novo ser humano já estão presentes. A fecundação é o marco da vida"

"...Se logo no início, justamente depois da concepção, dias antes da implantação, retirássemos uma só célula do pequeno ser individual, ainda com aspecto de amora, poderíamos cultivá-la e examinar os seus cromossomas. E se um estudante, olhando-a ao microscópio não pudesse reconhecer o número, a forma e o padrão das bandas desses cromossomas, e não pudesse dizer, sem vacilações, se procede de um chimpanzé ou de um ser humano, seria reprovado. Aceitar o facto de que, depois da fertilização, um novo ser humano começou a existir não é uma questão de gosto ou de opinião.

A natureza humana do ser humano, desde a sua concepção até à sua velhice não é uma disputa metafísica. É uma simples evidência experimental."

"No princípio do ser há uma mensagem, essa mensagem contém a vida e essa mensagem é uma vida humana".

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I. O PRINCÍPIO DO SER HUMANO*

(*) Artigo do Prof. Jerôme Lejeune (o pesquisador francês que identificou a origem genética da chamada Síndrome de Down) publicado sob este título em Laissez-les vivre, Éd. Pierre Lethielleux, Paris, 1975, págs. 17-29.

 

A CÉLULA ORIGINAL E O GRAVADOR

A transmissão da vida é um facto paradoxal.

Por um lado, sabemos com certeza que o laço que une os pais aos filhos é material, já que o novo ser surgirá do encontro de duas células, o óvulo da mãe e o espermatozóide do pai.

Mas, por outro, sabemos com igual certeza que nenhuma das moléculas, nenhum dos átomos que constituem a célula originária tem a menor possibilidade de ser transmitido, tal qual é, à geração seguinte. Torna-se óbvio, portanto, que o que se transmite não é a matéria dos pais, mas uma determinada modificação desta; ou, mais exactamente, uma forma.

Mesmo sem evocarmos o complexo mecanismo das macromoléculas codificadas que são os vectores da herança, este paradoxo desaparece se observarmos que é comum a todos os processos de reprodução, naturais ou inventados.

Uma estátua, por exemplo, requer um substrato material, de bronze, mármore ou barro. Durante a reprodução, existe em cada instante uma contiguidade de matéria entre a estátua e o molde, ou entre o molde e a réplica. O que se reproduz, porém, não é o material, que pode variar segundo a vontade do fundidor, mas exactamente a forma dada à matéria pelo génio do escultor.

A reprodução dos seres vivos é, certamente, muito mais delicada que a de uma forma inanimada, mas segue o mesmo caminho, como no-lo demonstra um exemplo corrente.

Na fita cassette é possível gravar, por meio de minúsculas modificações de imantação, uma série de sinais que correspondem, por exemplo, à execução de uma sinfonia. Essa fita, colocada num aparelho, reproduzirá a sinfonia, embora nem o gravador nem a fita contenham os instrumentos ou mesmo a partitura.

É de uma maneira semelhante que se reproduz o organismo vivo. A fita de gravação é incrivelmente ténue, pois está representada pela molécula de DNA, cuja pequenez confunde a inteligência. Para fazermos uma ideia, se se reunisse num mesmo ponto o conjunto das moléculas de DNA que especificassem todas e cada uma das qualidades físicas dos seis bilhões de homens que existem neste planeta, essa quantidade de matéria caberia facilmente dentro de um dedal.

A célula original do ser humano é semelhante ao gravador com a fita. Mal o mecanismo se põe em funcionamento, a vida humana desenvolve-se de acordo com o seu próprio programa, e se o nosso organismo é efectivamente um aglomerado de matéria animado por uma natureza humana, isso se deve a esta informação primitiva, e somente a ela. O facto de o ser humano dever desenvolver-se no seio do organismo materno durante os seus nove primeiros meses não modifica em nada este facto.

Para a mais estrita análise biológica, o princípio do ser remonta à fecundação, e toda a existência, desde as primeiras divisões celulares até à morte, não é senão a ampliação do tema originário.

 

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO PEQUENO POLEGAR

A primeira célula que se divide activamente, esse primeiro conglomerado celular em incessante organização, a pequena mórula que vai aninhar-se na parede uterina - será já um ser humano diferente da sua mãe?

Sim. Não somente a sua individualidade genética já está estabelecida, como acabamos de ver, mas este minúsculo embrião, no sexto ou sétimo dia da sua vida, com um tamanho de um milímetro e meio apenas, é já capaz de presidir ao seu próprio destino. É ele, e somente ele, quem por uma mensagem química estimula o funcionamento do corpo amarelo do ovário e suspende o ciclo menstrual da sua mãe. Obriga assim a mãe a protegê-lo; faz já dela o que quer, e continuará a fazê-lo daí por diante.

Quinze dias após a suspensão das regras, quer dizer, na idade real de um mês (já que a fecundação não pode ocorrer senão no 15º dia do ciclo), o ser humano mede quatro milímetros e meio. O seu minúsculo coração palpita já há uma semana, e estão esboçados os seus braços, pés, cabeça e cérebro.

Sessenta dias depois, mede, da cabeça às nádegas, uns três centímetros. Caberia, dobrado, numa casca de noz. No interior de um punho fechado seria invisível, e este punho poderia esmagá-lo, num descuido, sem sequer o perceber.

Mas abri a mão, e vereis que está quase terminado: mãos, pés, cabeça, órgãos, tudo está no seu lugar e só tem que desenvolver-se. Olhai mais de perto, e podereis ler-lhe as linhas da mão e dizer-lhe a sina. E mais de perto ainda, com um microscópio comum, podereis decifrar as suas impressões digitais. Ali está tudo o que é necessário para estabelecer a sua carteira de identidade. O sexo parece ainda mal definido, mas olhai muito de perto a glândula genital: evolui já como um testículo, se é um menino, ou como um ovário, se é uma menina.

O incrível Pequeno Polegar, o homem mais pequeno que o polegar, existe realmente; não o da lenda, mas aquele que foi cada um de nós.

Mas após dois meses funciona já o sistema nervoso? Sim. Se lhe roçarmos o lábio superior com um cabelo, o feto mexe os braços, o corpo e a cabeça com um movimento de fuga.

Aos três meses, se lhe tocarmos o lábio superior, volta a cabeça, pestaneja, franze as sobrancelhas, aperta os punhos e os lábios; depois sorri, abre a boca e consola-se com um trago de líquido amniótico. Às vezes, nada vigorosamente na sua bolsa amniótica e revira-se num segundo!

Aos quatro meses, mexe-se com tanta vivacidade que a mãe sente os seus movimentos. Graças à ausência quase total de gravidade na sua cápsula de cosmonauta, dá numerosas voltas, actos que demorará anos a realizar de novo ao ar livre.

Aos cinco meses, agarra fortemente o minúsculo bastonete que se lhe põe na mão e começa a chupar o polegar esperando a libertação. É verdade que a maior parte das crianças nasce aos nove meses. Mas está já perfeitamente desenvolvida aos cinco.

A cada dia a ciência nos descobre um pouco mais acerca desta maravilha da existência oculta, deste mundo formigante de vida dos homens minúsculos, mais encantador ainda que o dos contos de fadas. Pois os contos foram inventados com base nesta história verdadeira, e se as aventuras do Pequeno Polegar encantaram sempre a infância, é porque todas as crianças, e todos os adultos em que elas se converteram, foram um dia um Pequeno Polegar no seio de sua mãe.

 

QUANDO ESTÁ TERMINADO O HOMEM?

Resta ver a qualidade mais especificamente humana, aquela que distingue o homem de todos os animais, a inteligência. Quando aparece? Aos seis dias, aos seis meses, aos seis anos ou mais tarde?

Responder com uma só palavra não teria sentido algum; mas podemos, sim, distinguir as etapas do órgão da inteligência, que é acessível à observação.

O cérebro está no seu lugar passados dois meses, mas serão necessários os nove meses completos para que se constituam totalmente os seus dez milhões de células. Na criança que nasce, está então acabado o cérebro? Não. As inúmeras conexões que unem cada célula, por milhares de contactos, a todas as outras, não se estabelecerão totalmente senão aos seis ou sete anos de idade - o que corresponde à idade da razão.

E esta complicada teia de circuitos não poderá desenvolver a sua plena potência senão quando o seu mecanismo químico e eléctrico estiver suficientemente rodado, isto é, aos quinze ou dezasseis anos, idade da plenitude da inteligência abstracta. Isto é tão certo que, passada essa idade, os especialistas em psicometria começam a preocupar-se com os estudantes, já que o inevitável envelhecimento começa aos vinte.

E que dizer das inexplicáveis modificações que, em cada dia, o próprio exercício do pensamento necessariamente acarreta? Quantas destas minúsculas rectificações químicas ou anatómicas nesta imensa rede pensante são necessárias para definir finalmente o carácter, a experiência, ou o prémio de consolação que nos outorga o tempo passado? Quanto tempo é necessário para fazer um homem?

Napoleão dizia que são precisos vinte anos. Um filósofo diria: pelo menos uma vida inteira... e depois a eternidade, acrescenta o cristão, unindo-se desta forma ao tempo do biólogo.

Através do longo rodeio de uma paciente observação, o médico volta a descobrir uma verdade evidente que a linguagem comum reconheceu sempre: o homem nunca está terminado.

Terminado o Pequeno Polegar que se faz criança de peito? Terminado o escolar que se faz adulto? E o próprio adulto estará terminado, quando persiste ainda no seu próprio devir? Dizer que um homem está "terminado" não é a condenação mais grave? Quando recebe o golpe de graça, não se diz que o "acabaram"?

Só se pode julgar aquilo que já se realizou, com base nas provas produzidas; e o julgamento conduz à sanção: recompensa ou castigo, conforme o exija a

justiça. Mas quem pode arrogar-se o direito de julgar a própria inocência?

Condenar um feto pelo futuro, é deixar de ver que o homem está já aí, e que só lhe falta acordar. No coma profundo ou sob anestesia geral, o acidentado não pensa; está inerte e insensível. Por que motivo, durante esta suspensão de toda a actividade mental, a sua vida é sagrada? Porque esperamos o seu despertar.

Pretender que o sono da existência obscura no seio da mãe não é o sono de um homem é um erro de método. Pois se todos os raciocínios não podem comover, se toda a biologia moderna parece insuficiente, se até se rejeitassem átomos e moléculas, e se mesmo tudo isso não pudesse convencer-nos, um só facto o poderia. Basta que esperemos algum tempo.

Isso que tomais por uma mórula informe dir-vos-á um dia o que era, convertendo-se, como vós mesmos, num homem.

E a experiência é fiel. Nada de parecido aconteceria se tivéssemos predito um acontecimento semelhante a propósito



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publicado por cristocontacontigo às 23:48
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